Pelo meio, empolgado na entrega e generosidade que se lhe reconhecem, um companheiro de Matosinhos, aderente do Bloco de Esquerda, veio sugerir concerto de posições entre os que haviam participado na Assembleia de Activistas Por uma Candidatura de Esquerda – realizada em Lisboa, em 10 de Julho – e um grupo de subscritores bloquistas de um abaixo-assinado/apelo a uma candidatura.
Entretanto, o tempo foi passando e essa “urgência” dos subscritores - que dois meses antes haviam declarado expressamente não haver condições para uma candidatura de esquerda – revelou-se um mero descargo de consciência.
É por demais evidente que, grosso modo, os referidos subscritores não têm nenhum interesse e nunca manifestaram empenhamento sério numa candidatura que levasse o protesto social às Presidenciais 2011. Pelo que, pela parte que me toca, reconheço não haver condições objectivas para a afirmação de uma tal candidatura, conquanto as condições subjectivas indicassem essa possibilidade e essa necessidade.
Num historial de hesitações e/ou fintas dilatórias, seria impossível construir coisa nova em terra velha…
A esquerda portuguesa é uma merda – a velha e a “nova”… E a verborreia panfletária já não consegue ocultar a sua impossibilidade história em construir coisa que se veja e seja útil ao movimento social.
Como dizia hoje um amigo, em e-mail que remeteu a propósito da putativa candidatura: “Os portugueses à solta, quando se organizam, estruturam espontaneamente uma de três coisas e essas são: um bordel, um asilo, ou uma inquisição. Podem chamar-lhe o que quiserem, mas é sempre isso que sai tendencialmente. É preciso ter paciência. Porque a alternativa é proibir os portugueses de organizarem o que quer que seja e isso, evidentemente, contraria a liberdade de associação.”
A ironia aplica-se com acuidade ao folhetim deste processo. Entre o entrismo e os golpes palacianos, aquilo que resta da velha esquerda fossilizada não tem inteligência nem fulgor para revelar uma ideia nova que seja, um empenhamento sério que não decorra do espírito de seita, um gesto que a distinga dos velhos métodos e das tristes receitas.
Para esse peditório já dei. A construção de uma nova esquerda passa pela ruptura com as lógicas grupusculares, as poses esquerdofrénicas e os discursos inflamados de quem, ao fim de tanto caminho feito, não percebeu nada do que é essencial, eficaz e útil.
Estou em crer que a necessidade do encontro a que fiz referência no início, se manifesta ainda com mais premência. E que para um tal objectivo, sejamos claros, a esquerda da situação não conta.
Romper com o regime e as “comissões de melhoramentos” que, denodadamente, lhe têm vindo a passar a mão pelo pêlo, parece-me ser o único caminho que reconstrua a esperança de uma alternativa e revolucione os caminhos da intervenção política.
Se alguém se rever nestas ideias, parece-me haver condições para que a esquerda desalinhada se possa encontrar e reconhecer.
António Alte Pinho
Caro António Pinho,
ResponderEliminarAchas mesmo que com um texto como este que agora publicas, crias algum espaço para alguma discussão? Parece-me que este não é o melhor caminho ... As esquerdas de que precisamos são as que temos e não outras que só devem existir em banda desenhada ou no País das Maravilhas da D.Alice. É com estas esquerdas que permanece o desafio para espaços de discussão que saibam beber a experiência das lutas sociais e, partir daí, consigam desenhar uma alternativa socialista de poder. A tal "esquerda desalinhada" é tão necessária como o são todas as outras a que chamas de "merda" ... O desalinhamento de uns não é melhor que o alinhamento de outros, até porque nem uns nem outros têm sabido construir a tal alternativa de poder!
Abraço,
João Pedro Freire
Caro João Pedro,
ResponderEliminarA esquerda que temos é calculista, sectária e intelectualmente desonesta. Queima tudo à volta e nunca será alternativa para nada, a não ser para aconchegar a sua má consciência.
A alternativa de poder só se pode construir em ruptura com os actuais mecanismos de intervenção política de que essa esquerda tem vindo a ser um dos principais sustentáculos de legitimação.
E, francamente, meu caro, estas esquerdas alguma vez estiveram disponíveis para um "espaço de discussão"? A experiência diz-me que, onde quer que as encontremos, só produzem desânimo e conformismo, veneno grupista e tacticismo.
Abraço!
AAP
olá pessoal
ResponderEliminarA atitude das esquerdas de plástico e institucionais é, tradicionalmente, sempre a mesma, relativamente a novas ideias e movimentos. Ou pretendem controlá-los, distorcendo as suas virtualidades, procurando integrá-los na sua lógica interna; ou, se o não fazem, ostracizam-nos, denegrindo-os em surdina, já que de viva voz não o conseguem fazer.
O papel actual das esquerdas de plástico é o de fazer a plebe acreditar que há combate à direita, alternativa. Nada mais falso; há apenas conformismo, procura de tachos, engrossar as pontes e as ligações com o poder. Onde está a crítica da democracia de mercado? Somente quando Bruxelas mete os parlamentos nacionais no rol das inutilidades a propósito do orçamento? Só agora viram que a soberania nacional não existe? Ou são burros ou andaram a querer enganar-nos com o simulacro de democracia que vamos vivendo
No entanto, essa esquerda existe como diz o JPF e o nosso trabalho é acção, combate social e ideológico, em ligação com eles. Sem perda de autonomia e acções autónomas, como é óbvio.
Quanto ao tal encontro, tudo bem, desde que haja massa crítica para um encontro nacional; ou começar por encontros regionais
um abraço
Grazia Tanta
fico por aqui para não abusar
Eu NÃO ACREDITO NO MANUEL ALEGRE !
ResponderEliminarPor isso e com os valores e princípios do HOMEM Salgueiro Maia LUTEMOS TODOS PELOS VALORES DO SER HUMANO e PELOS VALORES DO 25 de ABRIL de 74 que esses "senhores" que nos têm DESgovernado sistematicamente têm destruído, vendendo-nos ao diabo politico/económico ou económico/politico!
Decidi tentar uma candidatura à Presidência da República só e SÓ PARA PODER DESMASCARAR NOS TEMPOS DE ANTENA esses mesmos “senhores”.
O Arq. Manuel Fernandes, seu mandatário nacional, e também meu amigo, JÁ TEM VERGONHA de aparecer ao lado dele.
Em 96 deu-nos esperança a nós/M.I.C.
Hoje é(são) lamentável(veis) a(s) sua(s) posição(ões).
Já se manifestou em relação à Greve Geral ?
NÃO CONVÊM !
Pois o seu objectivo é CONTINUAR A FAZER PARTE DO SISTEMA !
O meu blogue é:
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Um abraço LIVRE de um HOMEM LIVRE ao vosso dispor!
José Pires
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