quinta-feira, 3 de junho de 2010

Levar o protesto popular às presidenciais

A entrevista de Manuel Alegre à RTP veio relevar uma evidência: a esquerda ainda não tem candidato às eleições presidenciais de 2011.

A única referência breve de Alegre ao PEC e às medidas antipopulares do governo, foi para louvar o entendimento PS/PSD, acrescentando ser desejável que esse entendimento se alargue ao PCP e ao BE…

O “candidato das esquerdas”, como a direcção do Bloco a ele gosta de se referir, mostrou claramente o seu real propósito: ser eleito a qualquer preço e… depois logo se verá.

Convenhamos que não é disso que a Esquerda precisa. Não é de um presidente complacente com os pacotes de miséria que o país necessita para superar a crise e colocar Portugal na senda do progresso e do desenvolvimento.

Alegre, ainda assim, num remoque de “esquerda”, procurou chutar o ónus das medidas impopulares para Bruxelas, livrando Sócrates, o governo e o PSD de responsabilidades, piscando olho à direita e dando o sinal de uma “esquerda responsável”.

Ou seja, depois de ter metido o Bloco no “bolso”, o candidato do governo alargou o seu espaço de manobra e revela-se aquilo que efectivamente sempre foi: o salva-vidas das políticas de direita do PS, com as quais sempre foi mais ou menos tolerante.

Alegre está para a direcção do PS como o próprio PS sempre esteve para os interesses do grande capital financeiro: é o recurso necessário!

Neste cenário, faz todo o sentido unir esforços para a construção de uma plataforma de Esquerda, com capacidade de aglutinar o protesto social e dar resposta política aos planos do governo e da União Europeia subordinados ao grande capital financeiro.

A Esquerda que não se rende nem se enreda em jogos de conveniência táctica precisa de encontrar um programa e um nome que corporizem o protesto popular, utilizando as eleições presidenciais como tribuna de denúncia da coligação de direita PS/PSD – agora, abençoada por Manuel Alegre.

Foto: CS

4 comentários:

  1. Os candidatos considerados de "esquerda" são afinal protagonistas, mais virgula, menos virgula, das politicas do "bloco central" ... aí estão Manuel Alegre e Fernando Nobre!
    Alegre provou-o, mais uma vez, na entrevista à RTP1 ... discurso muito moldado, tipo plasticina, ao apoio recente da direcção sócratica do PS e do Governo.
    A falta que faz uma candidatura de afirmação democrática, socialista e anti-capitalista!

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  2. Não vi a entrevista, mas não me surpreende o jogo de cintura do "figurão". Piscadelas à esquerda e à direita (ou às múltiplas direitas vigentes em Portugal), que o objectivo é conseguir ser eleito.
    Por mim, continuo à espera de um candidato de esquerda...

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  3. Acho bem que se leve o protesto social aos ouvidos dos candidatos,e designadamente do Alegre .
    A esquerda precisa de novas ideias,ms nao precisa de bota abaixo,e do tanto pior melhor! a conjuntura europeia é grave,e a portuguesa talvez pior, nao ccreio qeu as analises aqui feitas sejam corectas.Creio que o adversário principal é o Prof Cavaco,um neo liberal convicto.Nao falo da "excelencia" dos outros candidatos,mas enquanto nao houver outros que apresentem formulas novas, nao creio ser produtivo,este negativismo politico social que se paga caro.É mais facil dizer destruir do que contruir.Um candidato para ser eleito tem de saber onde estao os votos que o podem eleger.Nao é com maximalismos que nao convencem um eleitorado mal informado,desinformado, desinteressado, e intoxicado,por muita imprensa de má qualidade, à direita, e dita à esquerda qeu se conseguem vencer eleiçoes.Os blocos centrais sociologicos,que nao tem nada a ver com o Bloco Central politicos,sao os que permitem fazer ganhar ou perde-las.Os que esperam um candidato de "esquerda" ou de esquerda,bem podem ficar sentados à espera,enquanto o direita ganha.DEvo lembrar que neste momento na Europa do euro só ha 3 partidos socialistas no Poder~:o Pasok, ha seis meses, o PSOE,há cerca de 4 anos,e o P.Socialista,tambem no poder ha cerca de seis meses.Pois sao eles que estao a ser os mais atacados pelos centros neo capitalistas,que pretendem colocar aqui partidos que facilitem muito mais, as leis do emprego ,fazendo-os cair.

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  4. Não queremos levar o protesto social aos ouvidos de nenhum candidato, nem a qualquer dos seus outros orifícios. O que queremos é um candidato que leve o protesto social às presidenciais - que é coisa completamente diferente. Agora, o António pode meter o que quiser nos ouvidos do seu candidato. Ele é seu, não é nosso.
    A esquerda de que fala não é, seguramente, a nossa. Portanto, mais uma vez, o António parece equivocado.
    O "adversário principal" de que fala foi o mentor do acordo PS/PSD, elogiado pelo candidato Alegre. O seu candidato, António - o tal que você, há uns tempos atrás, dizia ser "machista" e "homofóbico", lembra-se? É que é preciso ter memória!
    O problema é que o António defende que o PS é um partido de esquerda - nós consideramos que é um partido de direita. Por tal, não queira meter (passe a expressão) a sua esquerda na nossa esquerda.
    O António só vê alternativas no quadro sistémico, nós queremos uma esquerda nova e um novo projecto de sociedade, um novo regime, uma nova ordem económica.
    Parece-lhe "maximalista"? É a sua opinião, António.
    Para terminar, essa dos "centros neo-capitalistas" atacarem o PS é de mestre. Qual Ricardo Rodrigues, qual Emídio Rangel... O António é mais papista que o Papa. Todas as "medidas de resposta à crise" foram abençoadas pelo grande capital financeiro, que as tem elogiado com enlevo, ou não fossem os trabalhadores (90%)a pagar a crise provocada pelos primeiros.

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