terça-feira, 1 de junho de 2010

A Nova Esquerda não se constrói com a velha

«Nunca saí de nenhum partido, os partidos é que saíram de mim»
(José Mário Branco)

Abandonei a “Nova Esquerda – Movimento para uma Nova Sociedade”. Foi um caminho breve, iniciado em 17 de Abril deste ano, desde que participei na Assembleia de Almeirim da organização, onde estive a convite e de onde saí eleito para a Comissão Directiva.

Confesso que me entusiasmei – e não devia; confundi declarações de intenções com seriedade – o que é sempre perigoso; acreditei ser possível contribuir para a construção de uma nova plataforma de esquerda – e não reparei que o essencial das tropas era da velha esquerda, dessa pasta rançosa que por aí pulula na parasitagem política à procura de palco.

Da direcção eleita de oito pessoas, duas desertaram logo na primeira semana, sem argumentos nem justificações. Das restantes, só três estavam permanentemente disponíveis, porque as que sobravam ou se estavam borrifando ou perceberam que os “outros” não seriam manietáveis… E iam boicotando pela inércia.

Descobri – ao contrário do que me haviam dito – que a “Nova Esquerda” não tem militantes: exibe uma desbotada lista de gente que ficou zangada com Manuel Alegre por este não ter saído do PS – e se ficou por aí.

Nesta curta experiência vivenciei, no entanto, momentos importantes. A aprovação da Declaração de Almeirim – um documento que pode vir a fazer história à esquerda; o Encontro de Lisboa – que marcou um estilo novo de práticas políticas; ter conhecido Mário Leston Bandeira, coordenador da Comissão Directiva, que penso ser uma das figuras mais lúcidas do novo pensamento de esquerda – e que está deslocado na amálgama patusca da organização.

É necessário e [possível!] construir uma nova esquerda, mas isso só se consegue rompendo com a velha e extirpando o ranço sistémico. Estou disponível para esse combate!

Resta-me pedir desculpa aos meus amigos, e companheiros de tantas lutas, por os ter entusiasmado para coisa que não merece o mínimo de entusiasmo.

António Alte Pinho

Foto: DR

3 comentários:

  1. Boas. Entendo a tua escolha, afinal não se consegue resolver um problema político com uma solução política (a causadora do problema). Eu também me entusiasmei um pouco quando li a notícia, mas pedindo a opinião a colegas, recebi estas opiniões sobre a NE:

    http://www.zeitgeistportugal.org/capitulo/index.php?option=com_kunena&Itemid=3&func=view&catid=22&id=519

    E eu, tenho só mais a dizer:

    Não sei se leste o ultimo comentário do teu antigo blog (o JP).
    O que eu quis sugerir é que procurasses um conceito que é o Pico do Petróleo (se quiseres saber muito bem explicado alguns dos pontos mais implicadores disto, aconselho-te a veres um documentário chamado "Collapse (2009)". O Entrevistado nesse documentário tem um blog próprio que eu te aconselho a seguir para poderes criar linhas paralelas sobre o que se passa em Portugal com o resto do mundo. O link desse blog é:

    http://mikeruppert.blogspot.com/


    Mais. Não sei o que pensas disto, mas procura mais 2 documentários:

    Zeitgeist: the movie (este é mais, digamos, arcaico, em relação ao currente estatuto do Zeitgeist Movement)
    e
    Zeitgeist: Addendum (que eu recomendo explicitamente em conjunto com o documentário "Collapse". Se puderes, vê pelo menos esses dois. O Addendum e o Collapse).

    (Os filmes Zeitgeist são gratuitos, e podes vê-los aqui (com legendas em baixo, PT incluida): http://www.zeitgeistmovie.com/

    Abraços.

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  2. Esqueci-me de dizer:

    Boa sorte para o teu novo Blog, e boa sorte para o Futuro (Que não parece agradável por mais que os políticos possam tentar fazer)

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  3. Vou seguir atentamente os links que indicaste.
    Abraço!

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